No Brasil do século XIX, com a chegada do Rei D. João VI e a
família real portuguesa, surgiu o primeiro ensaio da imprensa brasileira. Não
como a conhecemos hoje, obviamente, mas ainda há alguns resquícios do
jornalismo praticado na época.
As tipografias só foram autorizadas no Brasil após a chegada
da família real em 1808. Antes, elas eram proibidas na colônia, pois não era
conveniente para o reino português a disseminação de ideias e influências
estrangeiras, não na sua mais preciosa colônia.
O caráter dos jornais e folhetins da época era mais
opinativo, ideológico e partidário do que propriamente informativo – o que é o
caso do jornalismo moderno -, favorecido pelo clima do Brasil monárquico.
A época da independência do Brasil (1821-1822) foi o período
em que o país foi inundado com jornais de cunho ideológico, com cada um
defendendo um ponto de vista a cerca do futuro da nação.
Por volta de 1880, o jornalismo começa a ganhar um aspecto
mais industrial e comercial. Como advento do capitalismo e da república, no
Brasil, a informação passou a ser considerada um produto, que possui custo e
lucro, e os leitores passaram a ser considerados consumidores.
Outras características que o jornalismo e os jornais
ganharam são o caráter objetivo e imparcial da informação, não por motivos
ideológicos ou democráticos, mas sim por um maior alcance de público.
A publicidade e o marketing passaram a ganhar cada vez mais
espaço nos veículos de comunicação, sendo grande parte do lucro de jornais e
revistas advindo desses espaços reservados para propaganda. Muitas vezes, esses locais podem ocupar um tamanho maior do que uma matéria de jornal e não é incomum,
em uma revista, existir uma página inteira de propaganda.
O design gráfico e editorial de um veículo - as melhores
fotos, a disposição das matérias, as palavras escolhidas para compor o texto -
é pensado nos parâmetros de mercado: o mais bonito e original vende mais. Não
que a simplicidade e a clareza tenham sido descartadas, mas até mesmo esses
critérios são pensados com objetivos visando o lucro.
Não devemos pensar, entretanto, que com o capitalismo e a
indústria, o jornalismo perdeu essa linha ideológica que marcou tanto o seu
começo no início do século XIX. Há outras maneiras dos veículos de comunicação demonstrar
a sua ideologia ou suas preferências partidárias de uma maneira não tão
explicita quanto era feita antes.
Entretanto, o jornalismo, apesar de sua veia capitalista,
industrial e comercial, não deve ser considerado apenas como mais uma máquina
de fazer dinheiro. O jornalismo, e o jornalista, ainda devem ser comprometidos
com o seu objetivo primordial: o de divulgar os fatos e a verdade para os
cidadãos.
