Com o
incremento econômico e urbanístico, a imprensa estava entrando em
sua segunda fase. O surgimento do telégrafo e das ferrovias tornou
possível uma imprensa mais rápida e moderna e um jornalismo
industrial/empresarial, com jornalistas menos vinculados à
literatura e compromissados com o jornalismo em sua essência.
Naquela
época, dois tipos de jornalismo conviviam na imprensa: o jornalismo
industrial, comercial e lucrativo que surgia; e o jornalismo radical
e opinativo.
Após um
arrefecimento do movimento abolicionista no início da década de
1880, – particularmente devido à ação dos escravocratas e à
defesa de um processo lento e gradual sustentado pela Lei do Ventre
Livre – a partir de 1883, a Questão Servil voltou a ser tema de
constante debate na imprensa.
Com a
Questão Servil em voga, os jornais daquela época posicionavam-se
fervorosamente acerca do tema, tanto os abolicionistas quanto os
escravocratas, propiciando a defesa de diferentes modelos de nação.
Dentre
os jornais favoráveis à emancipação, destacava-se o jornal católico
O Apóstolo. O jornal empenhava-se agressivamente no combate aos
“inimigos da Igreja” (“protestantes, maçons, espíritas,
livres-pensadores, positivistas”). Alinhando-se ao emancipacionismo
defendido pela Igreja Católica, O Apóstolo publicava
incessantemente notícias de concessões de alforrias, consideradas
pelo jornal uma caridade dos senhores, que deveria servir de exemplo
para outros. Essa caridade suscitaria nos escravos libertos um
sentimento de gratidão, que os manteria presos à propriedade, como
mão-de-obra barata, não havendo necessidade de contratar
estrangeiros – considerados inimigos da Igreja – como mão-de-obra
livre.
O
Apóstolo exaltava a participação do clero na libertação dos
escravos no Ceará e teve bastante importância na noticiação do
processo emancipacionista no estado, motivado pela Grande Seca,
quando os senhores tiveram de vender seus escravos para conseguir
capital, e que culminou com a corajosa ação do Dragão do Mar.
(Versões pdf de exemplares d'O Apóstolo, de 1866 a 1901, estão disponíveis na Hemeroteca Digital Brasileira).
