domingo, 18 de novembro de 2012

Medo e Dita dura

Postado por JAdieL LimA 18.11.12
João Goulart, que foi à China.
Uma fala de Marcelo Ridenti, que me chamou a atenção, na palestra de quarta-feira no Dragão do Mar, foi a de que, no golpe de 1964, não houve resistência por parte do governo. O então presidente João Goulart teria temido algum derramamento de sangue no país. A ideia de medo e ditadura me parecem estar fortemente ligadas. Afinal, ditaduras podem depender do medo que criam. Como também algum medo pode acabar ditando as ações de alguém. 

Como diz o ditado, todos temos algum medo. Nossa cultura nos ensina a ter e cultivar vários medos. Desde as superstições até os reais temores. Medos não necessariamente ruins. Tomar um susto às vezes faz bem. É o caso dos alertas do organismo relacionados à defesa e à sobrevivência, de que me falou Levi, em uma enquete que fiz com ele e mais algumas pessoas sobre medo e ditadura. Mas quando ele nos "deixa impossibilitado de realizar uma tarefa ou qualquer coisa que a gente queira", de acordo Regina, outra entrevistada, ele se torna problemático.

E sobre as ditaduras? Não é coisa do passado. Me disseram que hoje ainda existem várias. A ditadura da beleza, a do consumismo desenfreado, a do individualismo sobre a fraternidade, a ditadura do status, a da tendência a querer ser adorado. Algumas até bobas, mas tão encrostadas e enquadradas no nosso dia-a-dia que muitas vezes nem procuramos ir além delas. Talvez por medo ou por simples conformidade com a situação. Vivemos então "a ditadura daquilo que é sobre o que poderia ser", da qual falou Toinho. 

O perigo é o próprio homem* - No filme: “A Vila”, dirigido por M. Night Shyamalan, a vida de uma pequena aldeia é atormentada pela suposta presença de criaturas míticas, “aqueles que não mencionamos”, que habitam a floresta ao redor do lugar. Juramentos, proibições e crenças preservadas pelos anciões do local acabam isolando o vilarejo da vida exterior. 
Ao indagar sobre medo e ditadura a minha proposta era provocar reflexões sobre o conformismo que presencia nosso cotidiano. Como nos desvencilhar dessa falta de anseio pelas revoluções, já que há tanta coisa pra mudar? Que medos temos que são tão grandes a ponto de nos distanciar de nossas perspectivas de mudança? Claro que não se pode dizer que seja o medo o único fator que mantenha opressões. Mas questioná-lo, enfrentá-lo e desconstruí-lo a partir da confiança nas nossas potencialidades é essencial para exercermos nossa liberdade - externa ou interna, de transformação. Sob susto, é melhor ficar alerta, não paralisado.

"Medo é o que deixa a gente longe da vida" - João Martins

Participantes da enquete sobre medo e ditadura:

-Cainan
-Levi
-Regina e Toinho.

*Comentário de meu pai Ray Lima sobre cena do filme.

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