"Uma minoria na linha revolucionária correta não é mais uma minoria" (La Chinoise, Jean-Luc Godard, 1967)
Jânio
Quadros condecorando Che Guevara com a
Grã
Cruz
da Ordem
Nacional
do
Cruzeiro
do
Sul.
João
Goulart
assumindo
a
presidência
após voltar de uma
missão
diplomática
na
República
Popular
da
China.
No Brasil dos anos 60, o clima de fraternidade com o
comunismo
arrepiava
os
cabelos
rentes
dos
militares.
A
fria
guerra
entre
capitalismo
e
socialismo
adquiria
força
e
tomava
grandes
proporções
no
âmbito
nacional.
Eram
tempos
de
revoluções.
Sem
um
sentido
único,
o
termo
revolução
pode
ser
aplicado
tanto
ao
golpe
de
64
como
à
iminente revolução
socialista
– ou
nacional-democrática
– que
tanto causava
temor.
De
toda
forma,
revolução
é
uma
transformação
radical
da
vida,
e a
vida dos brasileiros foi afetada tanto pela repressão do governo
militar quanto pela revolução cultural e intelectual dos movimentos
de oposição.
A
ditadura
sustentava-se
em
motes
de
um
nacionalismo
profundo:
“Ame-o
ou
deixe-o”, “Este é um país que vai pra frente”.
Houve
uma retomada
da
busca
pela
identidade
nacional
última,
nos moldes daquela
que
veio
sendo
formulada
por
Gilberto
Freyre,
da
formação
de
um
caráter
único
do
Brasil
devido
à
mistura
de
raças,
da
noção
do
Brasil
como
um
gigante
adormecido.
Para
despertar
esse
gigante,
os
militares
usavam
a
bandeira
nacionalista
para
pôr
em
prática
seus
planos
desenvolvimentistas,
alinhando-se
aos
interesses
norte-americanos
e
vindo
a
alcançar
o
que
chamaram
de
“milagre
brasileiro”,
enquanto
censuravam
os
meios
de
comunicação
e
caçavam
e
torturavam
os
simpatizantes
do
comunismo.
Os
movimentos revolucionários de oposição ao regime questionavam essa
visão paradisíaca do Brasil de Gilberto Freyre. A potencialidade
latente da miscigenação não poderia ser desperta naquele panorama
ainda predominantemente imperialista e latifundiário dos anos 60.
Esses eram os empecilhos que relegavam o país ao status de uma
promessa que não se cumpre. Artistas e intelectuais, aliando
racionalismo e marxismo, buscavam aproximar-se do povo para juntos
realizarem as potencialidades de um povo e de uma nação.
Apesar
das perseguições militares, que conseguiram frustrar pelo menos a
luta armada e uma revolução política, é relevante a importância
cultural desses movimentos. Notável é a novidade musical trazida
pela Tropicália, retomando os princípios antropofágicos da Semana
de 22 e subvertendo o conceito da política externa militar – de se
apropriar da imagética capitalista americana – ao associar as
raízes musicais brasileiras com as guitarras elétricas americanas. Soltaram os tigres e os leões nos quintais.
