domingo, 27 de janeiro de 2013

A década é 1930. Apenas mais um período da ascensão humana. Tem uma guerra ali, morrem umas pessoas, mas não morrerão elas todos os dias? Tem a evolução e disseminação de um ideal acolá, mas já não estavam quase todos inseridos num ideal? Os cidadãos estavam mesmo sujeitos ao que era dito pelos magnatas do sistema da comunicação, subjugada aos ditados e tabus construídos pelo poder majoritário do Estado?

Como pode alguém, de fato, estar sujeito ao que é comunicado pela imprensa?

operarios

“Por que haveria eu, operário, que tanto trabalho e me alimento tão pouco, tão mal, e que, por obra do Divino, sustento a esposa e os quatro filhos; por que, repito, haveria eu de ler um jornal? A primeira evidência do meu desinteresse é este meio não mostrar nenhuma representação do meu cotidiano, ser exorbitantemente vago no que está relacionado à minha cultura.

Em segundo plano, destaco a forma como esta comunicação de magnatas expressa sua linguagem, tão distante intelectualmente daquela à qual utilizo no verdadeiro diálogo interpessoal na comunidade. Chega a ser vulgar o vácuo existente nesses pontos divergentes, representantes de dois extremos. Indivíduos de pensamento limitado estes no comando das comunicações! Mesmo sendo intelectuais diplomados, não cogitaram como seria adequado estabelecer um formato que aproximassem as duas realidades?

Porventura, chega algum modernista, desses que imaginam ter o poder da inovação nas mãos e propõe materiais coloridos nas publicações e outro que sugere mudar a linguagem dos materiais publicados. Qual o nível do impacto que pode ser percebido no meu dia-a-dia?”

O rádio havia ganho o seu merecido destaque no imaginário do povo. Ter uma voz com a qual conversar após um dia de trabalho cansativo, as novelas que entretêm a família, os jingles que conquistaram o seu lugar na cultura popular, estes fatores estavam todos, agora, ameaçados pela reascensão do jornal.

A publicidade acompanha os tempos. Seu DNA contém uma estrutura mutante: utilizou da visibilidade dos jornais; com a popularização radiofônica, adaptou seu material ao meio; e com a possibilidade de utilizar material em cores nos jornais, é reconhecida a utilidade da estética, o apelo visual às representações significativas dos objetos a serem consumidos.

Responde-se, portanto, uma das perguntas iniciais: Por que ler um jornal na década de 1930?twitter

Consumir.

Era essencial que o jornalismo impresso soubesse lidar com o novo apelo que se estabeleceu em relação ao uso de grafismos, elementos que chamassem a atenção para a estética. Seja com ilustrações nas reportagens, fotografias ou em material publicitário, dá-se todo o mérito à estética na utilização de materiais coloridos na composição do jornal. Todos são elementos que captam a atenção do leitor por quebrarem o comodismo da composição em P&B.

Aquele que não consome a informação ou não se informa sobre as novas tecnologias, não acompanham o ritmo da globalização. Ter acesso às informações representa não apenas estar submisso à estrutura da notícia, com fatos narrados sob perspectiva limitante do Estado; representa, também, consumir os produtos da globalização.

1930 já é década de um intenso fluxo de informações, constantes e contínuas, além das tecnologias sendo desenvolvidas e aprimoradas. A comunidade já não é composta de uma sistemática local: é resultado de influências externas, de elementos culturais importados que se aplicam tão bem ao brasileiro receptor de caracteres estrangeiros.

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