segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Futebol no rádio: Evoluindo com o tempo

Postado por Unknown 14.1.13
Começa agora mais uma jornada esportiva do escrete de ouro do rádio...” Com a profusão dessas palavras o coração acelera, os olhos se movimentam em busca dos atores do espetáculo que durante noventa minutos prenderão a atenção do fanático torcedor que acabou de sintonizar, através dos chiados, alguma estação de rádio.  A partida se desenrola e as emoções se confundem com os “comentários avalizados do comentarista da palavra fácil” ou “daquele que sabe o que diz”. As sobras de unhas daquela mão que segura o radinho ou faz uma figa por um gol são consumidas em exaustão. No final da partida, aquele companheiro de noventa minutos merece um descanso pois em uma próxima, quando as "cortinas do espetáculo" forem abertas esteja pronto para mais uma jornada.




Ary Barroso. Além de compor os hinos das principais equipe cariocas,
também mostrava seus dotes  de narrador
O rádio faz parte de nossa cultura e a mais de 90 anos contribui para a difusão de uma cultura de massa nos quatro cantos do Brasil. Comemorava-se o centenário da independência em 1922, quando durante uma grande feira internacional que recebeu visitas de empresários americanos trouxe a tecnologia de radiodifusão para o conhecimento dos brasileiros. Seria instalada uma antena receptora no alto do Corcovado para transmissão de um discurso do presidente Epitácio Pessoa. Responsável por todo esse aparato estava o médico e antropólogo brasileiro Edgar Roquete-Pinto que, não hesitou em demonstrar qual o papel que essa nova mídia que surgia teria: "Eis uma máquina importante para educar nosso povo”. Ao longo do tempo nosso rádio se transformou em uma potente ferramenta de notícias e entretenimento, dada sua agilidade e poder de alcance.


Tuma hoje e antes.
Pioneiro nas transmissões de futebol via rádio


Assim sendo, o esporte bretão não podia ficar de fora de toda essa novidade. A primeira transmissão por rádio de um jogo de futebol em solo brasileiro se deu na data de 19 de julho de 1931 pela Rádio Educadora Paulista através da voz do locutor Nicolau Tuma, conhecido como “narrador metralhadora”, por seu jeito frenético de narração. Na cancha, o confronto entre as seleções de São Paulo e do Paraná no Campo da Floresta, na capital paulistana. Diferente de hoje, na década de 30, a narração se resumia a boletins para os ouvintes. Estudiosos relatam que Tuma foi o "pai da narração esportiva no Brasil, pois foi o pioneiro na idéia de irradiar um jogo na íntegra”. Um fato curioso, foi a descida de Tuma ao vestiário para anotar as características físicas de cada jogador,pois, ainda não se usavam números nas camisas. A partida terminou 6 a 4 para a equipe paulista.




Os avanços nos equipamentos ocasionaram uma melhora na qualidade nas narrações e transmissões que conquistavam adeptos cada vez mais, nos mais diversos cantos do pais. De um áudio precário e um estilo mestre de cerimônias do locutor, passamos por um dinamismo, eloquência e clareza de voz do mesmo. Destacam-se Tuma, Gagliano Neto e Ary Barroso no início do século passado até José Carlos Araújo, Luís Penido, Oscar Ulisses. Em nosso estado, Gomes Farias, Júlio Sales, Vavá Maravilha entre tantos outros nos dias atuais perpetuam essa tradição. Sua narração é latente, deixando ao ouvinte a sensação de imersão no campo. 



Gomes Farias, um dos narradores mais conhecidos do nordeste.
Famoso por suas frases de efeito como "chovendo nas coiváras",
"amarra as almas" e "é desencorajador!"
Passado quase um século, depois de ser morto diversas vezes, o rádio ainda reina nas arquibancadas dos estádios pelo Brasil. Por suas ondas, os detalhes são descritos pelo narrador em constante interação com comentaristas, repórteres e o próprio público, que, graças a difusão da internet interage de maneira constante através das redes sociais, além de poder ouvir a rádio em qualquer lugar com conexão a internet. Então, o nostálgico e o contemporâneo se misturam a cada chiado de estação. 


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