sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Quando o dinheiro grita mais alto

Postado por Ana Maria Rodrigues 30.11.12




O ano era 1824 e D. Pedro I era o cara. Literalmente. O Brasil tinha acabado de declarar sua independência e o contexto histórico-político desse ano era a elaboração da primeira Carta Magna brasileira que, após períodos conturbados durante sua produção, foi outorgada pelo imperador.

O fato de ter sido uma Constituição imposta por D. Pedro I reflete o autoritarismo que reinava na sociedade e que era reafirmado pelo próprio texto constitucional, afinal, o poder Moderador era a pura expressão da autoridade impositiva e por vezes ditatorial que interferia em cada aspecto da ex-colônia, desde a nomeação de funcionários públicos, párocos, até quais seriam os ditames do Vaticano aceitos pelo Brasil.

Em quase 200 anos, o Brasil mudou e evoluiu consideravelmente, deixou de ser uma monarquia e virou república, passou por décadas sob o poder da ditadura militar e depois se redemocratizou. Mesmo assim, um dos traços marcantes da sociedade brasileira de dois séculos atrás ainda perdura: o caráter elitista dessa sociedade valorizadora do poder econômico e de quem o detém.

A influência capitalista é tão incisiva que atinge praticamente todos os aspectos da vida social e o jornalismo não escapa desse alvo. Até porque quem produz jornalismo são empresas de comunicação que possuem interesses e ideologias próprias. Por mais que a “imparcialidade” e a “objetividade” sejam tão aclamadas, é praticamente impossível não deixar vestígios ideológicos em qualquer produto jornalístico, por mais objetivo que ele possa parecer.

E falando em poder econômico e uma (im)possível imparcialidade, como não lembrar o acidente de carro envolvendo o filho do ex-deputado Ciro Gomes e sobrinho do atual governador do Ceará, Cid Gomes? Desse caso podemos perceber duas coisas: a primeira é que a valorização de quem tem “dinheiro” proporciona a estas pessoas o pensamento de que são acima da lei e de qualquer autoridade e, por conta disso, podem tentar burlar essas leis por meio de suborno (mesmo que a quantia seja irrisória, o que vale é a intenção).

A segunda é o destaque (ou não) que foi dado ao fato em diversos portais da Internet. Desse ponto, deve ficar apenas a reflexão da abordagem que os veículos jornalísticos dão ao mesmo fato, abordagem essa estreitamente relacionada à ideologia e também ao grau de relacionamento da empresa de comunicação com os envolvidos em acontecimentos como esse. Tire suas conclusões.


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